sábado, 2 de junho de 2012


 NAS QUEBRADAS DO SERTÃO



A caatinga, cenário típico do sertão nordestino, local onde a vida se apresenta com um incrível poder de adaptação, apesar de seus galhos espinhosos, um calor escaldante e as famosas estiagens prolongadas, neste bioma estão contidas diversas espécies endêmicas, além de uma gente com uma rica cultura e uma grande hospitalidade e belíssimas paisagens que devem ser valorizadas e preservadas.

Após o período das secas, quando caem as primeiras gotas de chuva, o sertão já começa um belo período de renascimento, quando a caatinga fica toda verde e com diversas manchas amareladas e arroxeadas produzidas pela florada dos ipês, é neste momento que o sertanejo se alegra e pode desfrutar da fartura de água e comida. A fauna também ressurge, são aves, mamíferos, répteis, anfíbios, insetos, todos aproveitam o sertão verde.

Durante a estiagem, ao contrário do que muitos acham, a caatinga não se torna monótona, ali está uma grande variedade de matrizes de plantas únicas em todo o planeta, as quais desenvolveram ao longo da evolução uma grande capacidade de adaptação à falta de água, quando estas parecem estar mortas devido a ausência de folhas, estas estão em um estado de economia de água, conseguindo manter-se vivas em meio as mais prolongadas secas.

Sendo um dos personagens que melhor representam a caatinga, o vaqueiro nordestino se veste de couro para enfrentar os espinhos e realizar seu trabalho de pega de bois pelo sertão. No lombo do seu cavalo, este corre em meio à vegetação, protegido por suas vestes, em busca dos bois fujões. Um verdadeiro símbolo da cultura e da coragem nordestina.

Plantas típicas do ambiente sertanejo, o mandacaru, o umbuzeiro, o coqueiro licuri, o juazeiro e a caatinga de porco fazem parte da paisagem, alguns promovendo alimento e sombra para os animais e pessoas, e outros renda para a população local, que tira seu sustento do extrativismo das frutas como o umbu e o coco licuri, um exemplo de exploração sustentável e de como a caatinga é importante para diversas famílias.

Exuberantes e barulhentas, as aves deste bioma dão um show a parte, as cores e o canto do sofrê (corrupião), do quem-quem (gralha-cancã) e do cardeal-do-nordeste chamam a atenção e alegram o marrom acinzentado da caatinga, os mamíferos como a suçuarana, o gato do mato, o meia noite, a raposa e o tatu, agitam o ambiente, os répteis, os aracnídeos e os insetos atraem alguns e assustam outros, os peixes revivem da lama a cada período de chuvas

E assim é a vida sertaneja, no vai e vem periódico das águas, tão aguardadas, se forma um calendário para plantar, colher, criar, ritmo esse sempre seguido nas quebradas do sertão.

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